Após três meses seguidos de queda – período no qual o mercado perdeu fôlego diante de uma base mais forte de comparação -, as vendas de carros novos no Brasil voltaram a crescer comparativamente ao ano passado.
Ainda que sem mostrar mudança em relação ao ritmo dos dois meses anteriores, o setor caminha para fechar setembro com crescimento na faixa de 6% a 8% em relação ao mesmo período de 2012, possivelmente marcando o melhor desempenho para o mês na história. O resultado ainda permitirá à indústria reduzir pela metade a queda dos emplacamentos de automóveis e utilitários leves no acumulado do ano, que estava em quase 2% no fechamento de agosto.
As previsões de analistas, feitas a partir de números preliminares coletados até quarta-feira, vão de 295 mil a 298 mil carros licenciados, o que superaria tanto o resultado de um ano antes (277,6 mil) como, no melhor cenário, as 296,7 mil unidades emplacadas em igual mês de 2009 – até agora, o melhor setembro da história no mercado de veículos leves. Incluindo caminhões e ônibus, o pico para o mês aconteceu em 2011, com 311,6 mil veículos vendidos, um número que também poderá ser ultrapassado se as estimativas mais otimistas forem confirmadas.
A evolução deste mês se deve ao calendário mais favorável – com dois dias úteis de venda a mais em relação a igual período do ano passado -, assim como pode ser atribuído a um abrandamento na base de comparação. Junto com fevereiro e março, setembro de 2012 mostrou um dos resultados mais fracos desde que o governo, em maio do ano passado, cortou as alíquotas do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis.
Nos três meses que se seguiram ao anúncio desse estímulo, o mercado alcançou alguns dos melhores resultados da história, incluindo a máxima de mais de 405 mil carros vendidos em agosto. Após a corrida dos consumidores às concessionárias para aproveitar descontos que chegavam a zerar o IPI de automóveis populares, a ressaca veio com uma acomodação dos volumes no mês seguinte.
Embora as vendas caminhem para um crescimento em relação ao mesmo período de 2012, não houve, em setembro, alteração significativa em relação ao ritmo que o mercado já vinha mostrando nos dois últimos meses. Assim como aconteceu entre julho e agosto, as vendas ficaram próximas de um giro diário de 14 mil carros.
Mas quando se compara com o resultado, em valores absolutos, de agosto, que teve um dia útil a mais de venda, o calendário pesa contra. Analistas projetam uma queda em torno de 5% a 6% nos emplacamentos de carros de setembro comparativamente ao mês imediatamente anterior.
Rodrigo Nishida, da LCA, lembra que depois do pico em junho – quando as vendas diárias passavam de 15 mil carros – o setor perdeu fôlego diante da menor propensão ao consumo provocada pela queda na confiança do consumidor e pela acomodação na geração de empregos no mercado de trabalho. São fatores que se somam ao impacto da antecipação de compras feitas em 2012, que reduziu o potencial de demanda neste ano.
Em volume acumulado desde o início de setembro, as vendas de carros passavam de 244 mil unidades até quarta-feira. Mesmo com o aguardado aumento no ritmo de emplacamentos nos três últimos dias úteis do mês, esse número, segundo as estimativas, não deverá ultrapassar a marca de 300 mil unidades, o que configura o volume mais baixo no intervalo de seis meses. O balanço consolidado dos emplacamentos de setembro será divulgado na quarta-feira pela Fenabrave, a entidade que reúne as concessionárias de veículos.
 
Após fechar agosto com queda de 1,2% nas vendas de veículos – incluindo caminhões e ônibus -, a Anfavea, a associação das montadoras, reduziu para a faixa de 1% a 2% a expectativa de crescimento do mercado em 2013, que antes variava de 3,5% a 4,5%.
Mais conservador, Nishida prevê uma evolução de 0,6% nos emplacamentos de carros e utilitários leves e, ainda assim, isso pressupõe que o mercado voltará a crescer a um ritmo diário superior a 15 mil unidades até dezembro.
Fonte: Valor Econômico – 27/9/2013