A demanda em transporte foi fortemente afetada pela crise econômica e política vivida pelo país a partir de 2013, com maior impacto no modal rodoviário.
Neste período, a retração de 2,5% na economia levou a uma queda de 4,7% na demanda, a pior desde o início da série histórica desde 2000. As reduções mais acentuadas ocorreram nas regiões Norte de Nordeste, com perdas de 6,2% e 5.8% respectivamente.
Esta é uma das conclusões do estudo “Custos Logísticos no Brasil”, de autoria de Maurício Lima e Alexandre Lobo, do ILOS – Instituto de Logística e Supply Chain, publicado na revista Tecnologística.
Segundo os autores, para as empresas de transporte rodoviário de cargas, a queda de demanda representa um grande desafio. Afetadas pela redução de volume de suas operações e, consequentemente, na sua receita, as transportadoras enfrentaram também dificuldades para corrigir os seus fretes, devido ao aumento dos custos registrados em 2015.
Este aumento, diz o estudo, pode ser ilustrado pela variação do preço do diesel, principal insumo do transporte em longas distâncias. Entre 2014 e 2015, o custo médio do diesel aumentou de R$ 2,76 para R$ 3,13, uma alta de mais de 13%, embora o preço do barril do petróleo no mercado internacional tenha sofrido forte queda.
Outro insumo de grande importância para os transportadores principalmente para as de curta distância, registra o estudo, o salário repetiu a tendência dos últimos anos, com aumento de quase 9% em maio de 2015.
Assim, na maioria das vezes, reconhecem os autores, o aumento do frete não foi suficiente para cobrir a elevação dos custos das transportadoras, justamente no momento em que a demanda das empresas de transporte também diminuiu. Como se não bastasse, o setor vem de um alto endividamento, relativo à compra de veículos nos anos anteriores.
Segundo o estudo, a crise afetou toda a cadeia logística e chegou ainda mais amplificada às montadoras de caminhões, que amargaram retração de 65% nas vendas em 2015.
No curto prazo, dizem os autores, a drástica queda na venda de caminhões não afeta a forte de transportes, pois existem veículos de carga sobrando no mercado. Segundo pesquisa do DECOPE/NTC, 11,2% dos caminhões de transportadoras estariam ociosos em julho de 2016.
Porém adverte o estudo, caso a crise se alongue, a forte derrubada na venda de caminhões pode acabar reduzindo a oferta de transporte rodoviário, na medida em que a demanda esperada de veículos em 2016 já é inferior ao número de veículos que deve sair de circulação.
Os autores alertam também os embarcadores para que não caiam na tentação de se valerem apenas do seu poder de barganhas para baratear os fretes. Trata-se de “um círculo vicioso que pode resultar em grande passivo trabalhista e quebra de muitas empresas”.
Neuto Gonçalves dos Reis, Diretor Técnico Executivo da NTC&Logística, membro da Câmara Temática de Assuntos Veiculares do CONTRAN e presidente da 24ª. JARI do DER-SP.
8/9/2016