A produção de veículos no Brasil subiu 2,3% em 2019, na comparação com o ano anterior, divulgou a associação das fabricantes, a Anfavea, nesta terça-feira (7). No total, foram feitos 2.944.962 carros, caminhões e ônibus no ano passado, contra 2.879.809 em 2018.

Apesar de ser o terceiro ano consecutivo de crescimento, o patamar ainda é está abaixo do visto em 2013, quando chegou a 3.712.736 unidades e o setor bateu o ser recorde histórico anual.

A Anfavea diz que os resultados ficaram em linha com as previsões feitas ao longo do ano. “O impacto da (crise da) Argentina continua significativo”, disse Luiz Carlos Moraes, presidente da associação.

O país vizinho é o maior cliente das exportações de veículos brasileiros, que amargaram novo ano de queda, desta vez de 31,9%.

Veja outros destaques

Em vendas, houve alta de 8,6%, também sobre 2018, como foi anunciado uma semana antes pelas concessionárias; o segmento de caminhões foi destaque, com alta de 33%;

As vendas de dezembro foram as maiores para o mês desde 2014;

A indústria empregou menos em 2019, fechando o ano com 3,7% menos vagas em relação a dezembro de 2018, o equivalente a quase 5 mil postos;

Moraes atribuiu a queda nos empregos ao fechamento da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP) e à adequação da produção das montadoras à baixa nas exportações;

A previsão para 2020 é de alta de 9,4% nas vendas e 7,3% na produção, mas baixa de 11% nas exportações, em relação a 2019.

O baque nas exportações

A queda de 31,9% nas exportações, especialmente para a Argentina, foi a maior desde 2017. As 428.198 unidades vendidas para o exterior foram o pior resultado desde 2015.

O segmento mais afetado foi o de caminhões, com redução de 45% em relação a 2018. As exportações de carros caíram 31,6%.

“O novo governo assumiu na Argentina, no último dia 10, mas ainda não temos novidade que possa mudar esse cenário”, disse Moraes.

Empregos

O número de pessoas empregadas na indústria automotiva brasileira caiu 3,7% em dezembro, comparando com o mesmo mês de 2018. No ano passado, havia 125.596 trabalhadores ativos, contra 130.451 no ano retrasado.

Além da crise econômica e demais fatores, um ponto que contribuiu para a queda no número de empregados foi o encerramento das atividades da fábrica da Ford em São Bernardo do Campo (SP).

Previsões para 2020

Para a Anfavea, há expectativa de crescimento de 9,4% nas vendas em 2020, voltando ao patamar de 3 milhões de unidades que não é visto desde 2014.

Também é esperado que a produção volte a esse nível, mas com crescimento menor do que as vendas, de 7,3%, tendo em conta a projeção de uma nova queda nas exportações.

A associação estima que as exportações caiam 11% sobre 2019, para 381 mil unidades, que seria o pior número desde 2014. Além da crise argentina, Luiz Carlos Moraes atribuiu a previsão conservadora ao alto custo de produção de veículos no Brasil.

“Temos montadoras com chance de perder produtos para outras unidades. Se não resolvermos o problema do custo Brasil, não só não vamos exportar mais, mas menos ainda”, disse.

“Nossas exportações em maioria são de itens básicos: soja, milho… Não tenho nada contra, mas alguma coisa está errada”, afirmou o presidente da Anfavea. “Tem um problema estrutural que precisamos atacar.”

O executivo destacou melhorias na economia, mas disse que é preciso “mais ambição”. “Estamos celebrando as grandes conquistas, mas precisamos atacar e continuar nas reformas”, afirmou Moraes. “Se não, teremos um voo de galinha. Precisamos ser mais ambiciosos.”

Fonte: G1 – 07/01/2020

Foto: G1 – Reuters