Dois dias de evento, 11 painéis, representantes de oito países (Argentina, Chile, Peru, Uruguai, Estados Unidos, Canadá, Alemanha e Portugal), além do Brasil, e muitos aprendizados. O Workshop Internacional sobre Iniciativas de Frete Verde, promovido pela CNT e pelo SEST SENAT, foi encerrado, nessa terça-feira (19), com a certeza de que é preciso trabalhar de forma integrada, especialmente no contexto dos vizinhos da América Latina.
O frete verde é um transporte realizado com eficiência energética e com a menor emissão de poluentes possível, reduzindo assim o impacto da atividade transportadora no meio ambiente. Para o diretor-executivo da CNT, Bruno Batista, ao discutir as tendências globais e desafios nesse campo, ficou muito clara a importância do processo de descarbonização do setor, principalmente quando se nota que o transporte de cargas tende a ser triplicado nos próximos anos. “O transporte vai crescer e vai exigir de todos nós soluções inteligentes e aplicáveis.”
Batista destacou as iniciativas de frete verde na América Latina apresentadas no evento, como o Transporte Limpo (México), Transporte Inteligente (Argentina), Chile Limpo (Chile), Programa Logística Sustentável (Uruguai). “Essas experiências locais começam a florescer nos diversos países, tendem a ser consolidadas e, mais importante, têm de ser valorizadas.” Ele pontua, contudo, que todas as mudanças pretendidas não podem prescindir dos governos, que são atores importantes nesse processo. “Os governos sozinhos, porém, não farão toda a mudança. É preciso ter todo o envolvimento que nós podemos verificar nesses dois dias de evento, em que tivemos participações de governos, entidades ambientais, academia e empresas”, completa.
Nesse sentido, a consultora sênior de Programa de Frete Verde da América Latina da US EPA SmartWay/Eastern Research Group, Damiana Serafini, que mediou o painel de encerramento do Workshop, ressaltou que o grande desafio, no longo prazo, é encontrar o caminho para que as políticas públicas na área ambiental transcendam ações pontuais de governos. “É necessário desenvolver um modelo de negócios que permita a continuidade dos projetos de frete verde nos países, independentemente de partidos e governos.”
Fator humano
Ao longo dos painéis nesses dois dias, o fator humano, sob a perspectiva do investimento na qualificação de trabalhadores, foi apontado como crucial para o sucesso de iniciativas como foco no transporte mais sustentável. Nesse sentido, foi destacado o pioneirismo do Despoluir, o maior programa ambiental do transporte no Brasil, lançado pelo Sistema CNT em 2007. De lá para cá, o Despoluir promove avaliações veiculares, treinamentos para os transportadores e a publicação de estudos temáticos.
A diretora-executiva nacional do SEST SENAT, Nicole Goulart, disse que o Sistema CNT tem completo interesse em desenvolver tecnologias em prol da eficiência, bem como investir cada vez mais em capacitação dos trabalhadores do setor de transporte. “O que a gente viu é que estamos todos voltados para o mesmo objetivo. Reunir representantes de oito países, além do Brasil, já foi um grande passo que foi dado. Agora, que possamos, em conjunto, construir os novos passos e as novas metas para essa área tão importante.”
O evento
O Workshop Internacional sobre Iniciativas de Frete Verde foi resultado de um acordo internacional firmado pela CNT e pelo SEST SENAT com o NRCan (Natural Resources Canada, o Ministério dos Recursos Naturais do Canadá) e o ICCT (International Council on Clean Transportation, o Conselho Internacional de Transporte Limpo). Também apoiou o evento a EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos). No âmbito do acordo de cooperação, há iniciativas para reduzir o impacto da atividade transportadora, como a oferta de cursos com certificação internacional, que já estão sendo ofertados pelo SEST SENAT.
Fonte: Agência CNT de Notícias