Na tarde de ontem (9), o governo de São Paulo, por meio da Secretaria de Logística e Transportes (SLT), deu o pontapé inicial para a retomada das obras do trecho norte do Rodoanel, com uma audiência pública sobre sua licitação.
Iniciada em 2013, a construção deste trecho, de 44 km, está paralisada desde 2018. Três do seis contratos foram encerrados naquele ano e outra metade já em 2019, início da gestão João Doria (PSDB).
Sua retomada é essencial, pois o Rodoanel, que soma ao todo 176,5 km, é de extrema importância para a infraestrutura nacional. Suas vantagens são muitas, como redefinir a plataforma logística de transportes da região metropolitana; permitir acesso mais ágil ao porto de Santos, com agilidade no escoamento da produção e redução do custo de transporte de cargas; e distribuição do tráfego de passagem de caminhões. Todas proporcionam mais crescimento econômico ao estado mais rico da União.
No ano passado, esta SLT fez uma minuciosa análise técnica, jurídica e econômica dos contratos, levantando toda a documentação relacionada à obra, incluindo os atestados técnicos e os “as built” (espécie de raio-X das obras). Cruzou tais informações com vistorias periódicas.
Paralelamente, contratou o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) para a realização de um laudo técnico e independente sobre o estado das obras. De posse dos documentos fornecidos pela secretaria, o instituto foi a campo realizar ensaios sobre a construção, inclusive sobre os 112 viadutos e túneis.
O documento do IPT é de extrema importância para a retomada da obra com segurança, tanto para o governo estadual quanto para as empresas que assumirão as construções e, consequentemente, para toda a população.
No início deste ano, o IPT concluiu o seu trabalho. Os resultados foram animadores. O instituto constatou apenas problemas derivados do tempo paralisado da obra —nada grave que necessitasse refazer, por exemplo, um viaduto inteiro.
O laudo fará parte da licitação, cujo edital será lançado nas próximas semanas e será dividido pelos mesmos seis lotes originais. Ao custo de quase R$ 2 bilhões, o trecho norte será concluído até 2022.
Para garantir que o Rodoanel seja entregue com toda a segurança e dentro das formas da lei, o governo vai incluir na obra uma inédita central de monitoramento, que funcionará 24 horas por dia com imagens de câmeras e drones espalhados pelos seis lotes.
Nesta central, uma equipe de assessores de imprensa estará à disposição de jornalistas que queiram saber informações sobre a obra e até fazer um tour por lá.
Sistemas de rastreamento (como chips) serão instalados em todos os veículos (caminhões e tratores) para acompanhar em tempo real o que eles estão fazendo na obra.
Além das imagens captadas no trecho norte, um hotsite irá disponibilizar todas as notas fiscais dos gastos para que não apenas a imprensa mas qualquer cidadão possa fiscalizar o andamento da obra da forma mais transparente possível.
Afinal, obras desta grandiosidade não podem permanecer tanto tempo paralisadas assim, prejudicando o meio ambiente e a população. É chegada a hora de concluir o Rodoanel e atender a este anseio de grande interesse público.
JOÃO OCTAVIANO DE MACHADO NETO
Engenheiro civil, é secretário estadual de Logística e Transportes de São Paulo