Em apenas um ano, o Brasil perdeu 20 posições no ranking mundial de logística do Banco Mundial, segundo reportagem do Estado de sexta-feira. A posição ocupada pelo País já era ruim (45.º lugar), mas ficou muito pior: o Brasil caiu para o 65.º posto, o mais baixo desde o início do levantamento, em 2007. Entre os latino-americanos, Chile (42.º lugar), México (50.º) e até a Argentina (60.º) ocuparam posições melhores. Entre os países do Brics, a posição do Brasil também é a pior. A classificação do Banco Mundial se baseia em entrevistas com mil pessoas, em todo o mundo. São avaliados a qualidade da infraestrutura de transporte, de serviços e a liberação das mercadorias nas alfândegas, o rastreamento de cargas, o cumprimentos de prazos de entrega e a facilidade para identificar os fretes mais competitivos, entre outros itens. O Banco Mundial não mede avanços ou retrocessos no plano físico, mas a percepção dos empresários – e esta oscilou muito nos últimos anos.
No item serviço de aduanas e alfândegas, por exemplo, o Brasil figurou no 94.º lugar e no item entregas internacionais, no 81.º posto.
Os empresários se reportaram a problemas objetivos – e bem conhecidos – das empresas brasileiras. O atraso médio nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é de quatro anos, segundo levantamento do Instituto de Logística e Supply Chain (Ilos), cujo diretor, Paulo Fleury, definiu o resultado da avaliação do Banco Mundial para o Brasil como “desastroso”.
Não falta só qualidade, mas oferta de serviços. O País tem 212 mil km de rodovias pavimentadas, ante 1,57 milhão de km na Índia e 1,58 milhão de km na China. A Rússia tem 87 mil km de ferrovias; a China, 77 mil; e a Índia, 63 mil; enquanto o Brasil tem apenas 29 mil km, segundo o Ilos. A distância que separa os números brasileiros dos de países desenvolvidos, como a Alemanha, a Holanda e a Bélgica (que ocupam os primeiros lugares na pesquisa) e os Estados Unidos, que estão na sexta posição, é ainda maior.
Os ônus decorrentes das deficiências logísticas são conhecidos, caso do custo do transporte da safra de grãos, em especial da soja, deslocada por estradas mal pavimentadas, paralisada em filas antes de chegar aos portos e, afinal, impossibilitada do pronto embarque nos navios. Sacrificam-se, assim, não somente o lucro dos produtores, mas as exportações, a começar do agronegócio, em que o País é mais competitivo.
 
Fonte: O Estado de S. Paulo – 24/3/2014