O agronegócio brasileiro, um dos setores que não foi atingido pela crise financeira, vai continuar crescendo segundo o estudo Brasil – Projeções do Agronegócio 2015/16 a 2025/26, elaborado por técnicos da Secretaria de Política Agrícola (SPA) do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa).
Segundo o estudo, a safra de grãos deverá passar de 196,5 milhões de toneladas para 255,3 milhões de t na próxima década, com aumento de 58,8 milhões t (30%). Já a estimativa para a produção de carnes (bovina, suína e aves) é de um crescimento de 7,8 milhões de t (29,8%) na comparação com 2015/16. Entre os estados, Mato Grosso continuará sendo o principal polo agrícola do país.
A expansão da agropecuária exigirá investimentos em infraestrutura, pesquisa e financiamento, afirma o estudo. De acordo com a SPA, as projeções têm o objetivo de indicar possíveis direções de crescimento do setor e dar subsídios aos formuladores de políticas públicas sobre as tendências de produtos do agronegócio.
A produtividade, aliada aos mercados interno e externo, continuará sendo o principal fator a impulsionar o crescimento da produção agrícola. Enquanto o aumento previsto para produção é de 30%, o prognóstico de expansão da área plantada é 12,7%. Ou seja, o rendimento das lavouras será maior mesmo que o espaço cultivado avance em ritmo menor.
Na opinião de analistas ouvidos pela reportagem. É possível que o Brasil atinja este patamar de crescimento nos próximos 10 anos. “O Brasil vem numa trajetória significativa de crescimento. Temos tecnologia de ponta, os mercados estão equalizados, os preços estimulantes para os produtores. É um crescimento otimista, mas plenamente alcançável”, avalia o analista de mercado da Granoeste, Camilo Motter.
Para o economista e analista Flávio França Júnior o crescimento apontado pelo estudo é compatível com a realidade nacional. “O Brasil tem área para avançar, principalmente na agricultura. Seja incorporando ou integrando terras de pecuária. Nosso padrão tecnológico é bom e temos espaço para continuar melhorando”, afirma.
No entanto, França Júnior explica que os antigos gargalos do setor podem atrapalhar. “Portos, escoamento, armazenagem, tudo isso continua sendo um entrave. Sim, houveram avanços nos últimos anos, mas o Brasil precisa resolver os problemas crônicos para evoluir mais rápido”, diz.
Produtos
A projeção é que a área passe de 72,1 milhões de hectares em 2015/16 para 83,1 milhões em 2025/2026, um acréscimo de 11 milhões de hectares. Essa expansão está concentrada em soja (10 milhões de ha), cana-de-açúcar (1,8 milhão ha), trigo (456 mil ha) e milho (698,0 mil ha). Algumas lavouras devem perder área, como o arroz, batata-inglesa, café, feijão e laranja. No entanto, observa o estudo, a redução de área deve ser compensada por ganhos de produtividade.
Algodão em pluma, milho, leite, carne suína, frango, soja em grão, açúcar, manga, mamão papaya, uva e melão devem ser os produtos agrícolas mais dinâmicos entre 2015/16 e 2025/26. O frango deve ser o destaque no segmento de proteína animal, com aumento de 34,6% na produção. A previsão de crescimento para a carne suína é de 31,3% e de 21% para a bovina.
No contexto internacional, o Brasil deve continuar sendo, junto com os Estados Unidos, um dos maiores produtores e exportadores de alimentos. A projeção indica também que o mercado interno se mantenha com a mais importante fonte de crescimento, devido às elevadas proporções de grãos e carnes consumidas no país.
O trabalho apresenta ainda projeções regionais para o setor rural. Mato Grosso deve continuar liderando a expansão da produção de milho e soja no país, com aumentos de 41,5% e 37,1%, respectivamente. A safra da oleaginosa também terá forte expansão na Região Norte, principalmente em Tocantins, Rondônia e Pará. O milho terá crescimento acentuado na Bahia e de Tocantins.
Fonte: Gazeta do Povo/PR – 18/7/2016
