O Grande ABC registrou queda de 9,29% nas exportações do primeiro semestre de 2016 na comparação com a metade inicial do ano passado. Mesmo assim, a balança comercial da região teve superavit de US$ 702,1 milhões, já que as importações tiveram retração ainda mais forte, de 33,02%. Entre janeiro e junho de 2015, o saldo foi de US$ 163,3 milhões. Os dados são do MDIC (Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços).
As vendas feitas pelas empresas das sete cidades para outros países fecharam o semestre em US$ 2,265 bilhões. Nos seis primeiros meses de 2015, a receita foi de US$ 2,498 bilhões. Se considerados apenas os resultados de junho, a queda foi de 12,1%, passando de US$ 508,9 milhões para US$ 447,1 milhões.
Já as importações recuaram 33,02% no semestre, de US$ 2,334 bilhões para US$ 1,563 bilhões. Em junho, o valor gasto pelas empresas da região com compras de materiais do Exterior foi de US$ 272,8 milhões – 26,51% a menos do que no mesmo período do ano passado (US$ 371,2 milhões).
Ricardo Balistiero, coordenador do curso de Administração do Instituto Mauá de Tecnologia, considera positivo o fato de a balança comercial do Grande ABC ter fechado a primeira metade do ano com superavit, mas faz ressalvas. “A entrada de dólares, para o País, é sempre positiva. Porém, o ideal seria se os dois indicadores tivessem alta, mas que as exportações crescessem mais do que as importações.”
Ele ressalta que a diminuição no volume de compras de produtos vindos do Exterior está ligada à retração no mercado brasileiro. Isso ocorre porque, com a crise interna, as empresas registram queda de demanda e, consequentemente, fazem ajustes na produção, de modo que passem a necessitar menos matérias-primas e insumos importados.
No caso das exportações, Balistiero destaca que o mercado internacional ainda atravessa momentos de turbulência, o que reduz as transações entre os países. Além das dificuldades pelas quais passam as nações sul-americanas, ele destaca que as economias europeias e asiáticas também têm enfrentado instabilidade, o que, na sua opinião, ainda é “um rescaldo da crise de 2008”.
A taxa de câmbio também tem sido fator que diminui a competitividade do produto brasileiro no Exterior, segundo Juliana Inhasz, professora da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) e sócia-fundadora da Stokos Economic Research. Em janeiro, a média do dólar comercial foi de R$ 4,05, caindo para R$ 3,41 em junho – desvalorização de 15,8%. “Essa observação fica nítida nos resultados de junho, em que as variações das exportações foram inferiores às das importações em quatro cidades”, avalia.
Em Diadema e Mauá, as vendas para o Exterior caíram mais do que as compras. Em Rio Grande, as exportações recuaram 87,28%, enquanto as importações cresceram 5,67%. Em Ribeirão Pires, ambos os indicadores subiram, mas, enquanto as exportações registraram aumento de 2,77%, as importações tiveram acréscimo de 46%. A balança comercial mensal da região só fechou com superavit porque Santo André, São Bernardo e São Caetano, que possuem participação muito maior nas transações, conseguiram exportar mais do que importar.
A terceira explicação para a queda nas exportações são os ajustes de mão de obra feitos pelas indústrias do Grande ABC. A opinião é do professor Moisés Pais dos Santos, da Universidade Metodista. “A retração interna mexe em toda a estrutura das organizações, incluindo o gerenciamento de pessoal. Essas decisões acabam prejudicando o desempenho no mercado externo.”
Entre os principais parceiros do Grande ABC, apenas o México e os Estados Unidos elevaram o volume de compras de materiais fornecidos pelas empresas locais no semestre, 25,21% e 4,04%, respectivamente. As exportações para o Mercosul (Argentina, Paraguai, Uruguai e Venezuela) caíram 17,76%. Juliana explica que o desempenho ruim da economia brasileira provocou essa situação. “O Brasil puxou as economias da América Latina para baixo, porque deixamos de importar muito deles. Isso prejudicou suas balanças comerciais e, como reação, eles deixaram de comprar os produtos daqui. Precisamos reverter esse ciclo negativo.”
Fonte: Diário do Grande ABC – 19/7/2016
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