Estudos da NTC indicam que o TRC enfrenta uma forte alta do preço dos insumos com uma inflação de 18%
Além dos problemas operacionais e de demanda causados pela pandemia o setor de transporte rodoviário de carga (TRC) está tendo que enfrentar uma alta generalizada dos preços dos insumos utilizados.
Seguindo a sistemática de apuração de índices que indicam o impacto da variação dos preços dos insumos do serviço de transporte rodoviário de cargas, o DECOPE/NTC registrou no ano de 2021 (e nos últimos 12 meses) uma inflação média para os serviços de transporte de cargas fracionadas de 18,0%.
É importante observar que este percentual se refere apenas a inflação, não reflete a defasagem do frete que ainda persiste e se agravou durante a Pandemia em 2020 (vide INCTF acumulado em 24 meses, de 16,14%), afetando duramente as margens e a capacidade de manter seus compromissos e investimentos.
O desafio para o Transporte Rodoviário de Carga-TRC foi um pouco diferente dos demais, pois, assim como os setores de saúde, segurança pública e alimentício, ele também não pôde parar. E, teve que continuar trabalhando com 40% a menos de carga, tendo que enfrentar dificuldades do tipo:
Pagamento dos Custos Fixos, cumprimento de prazos, o custo do retorno vazio, descompasso no fluxo de caixa, aumento da inadimplência, o esgotamento da capacidade dos terminais entre outras.
O estudo da CTF indicou que mais de 90% das empresas de carga fracionada foram afetadas negativamente pela crise. E, mesmo com as dificuldades que o setor de transporte rodoviário de cargas passou, ele não deixou de abastecer os hospitais, farmácias, postos de combustíveis, indústrias (alimentícias, farmacêuticas, de higiene e limpeza, entre outras), supermercados, lojas de peças, escoando a safra recorde, além de atender todo o mercado de e-commerce. Contudo, este esforço todo deixará sequelas para o setor, uma delas é o aumento da defasagem do frete e a diminuição da capacidade de investimento das empresas do setor.
Custos do TRC
Os custos da atividade de TRC estão concentrados em três insumos: combustível, mão de obra e veículo (caminhões e seus implementos), eles representam 90% dos custos operacionais e algo entre 60% a 80% do faturamento de uma empresa de transporte de carga.
Combustível – Diesel variou 17,3%, e permanece com viés de alta
O diesel mesmo terminando o ano abaixo do valor de 2019 teve uma escalada no segundo semestre forte, com um aumento de 17,3% e encerrou o ano indicando com viés de alta para 2021.
Veículos e Implementos – aumentos entre 14% e 40%
Os preços dos veículos de carga e seus implementos tiveram aumentos significativos ao longo do ano. A variação média dos preços dos caminhões beira os 14%, mas alguns modelos alcançaram índices próximos a 40%. Com o agravante do prazo médio de entrega ser de 4 meses (alguns modelos é a espera chega a ser de 6 meses).
Pneus e Manutenção – reajuste entre 30% e 40%
Os pneus, junto com as demais peças e mão de obra de manutenção, também tiveram aumento na casa dos 30 a 40%. E, o mais grave é a falta de produto, já há veículos e implementos que não estão rodando por falta de pneus e peças.
Aluguéis – base IGPM 21,97%
Aluguéis representam um valor significativo dos custos de transporte, em especial nas empresas de transporte de cargas fracionadas e, o IGPM que é o principal índice de correção dos contratos encerrou o ano em 21,97% pressionando mais ainda os custos e o frete.
Mão de obra – INPC acumulado em 12 meses 5,44%
Como consequência da crise causada pelo Coronavírus, houve dissídio salarial apenas em algumas regiões do país em 2020. É certo que deverá haver, a partir de maio de 2021, pressão sobre a recomposição do poder de compra dos salários – o INPC dos últimos 12 meses já aponta para 5,44%, o maior dos últimos anos.
Por outro lado, a súbita melhora da economia no segundo semestre trouxe de volta o problema da falta de motoristas e as empresas estão tendo que oferecer valores maiores para não ficar com veículos parados, situação que também está ocorrendo na contratação de terceiros.
É cada vez mais comum ouvir relatos de transportador com dificuldade de encontrar e contratar caminhoneiros seja na condição de spot ou agregado, mesmo com a oferta de valores maiores. Situação que também pressiona o custo do serviço de transporte.
A falta de mão de obra de motoristas e autônomos preocupa e dificulta muito o atendimento atual e futuro de demandas por transporte. É bom lembrar que todas as vezes que este problema tendia a se tornar crítico, houve uma crise para amenizá-lo e, agora estamos saindo de uma crise já sofrendo com a falta de mão de obra.
CONCLUSÃO
A inflação anual do setor de transporte de carga fracionada, em 2020, calculada pela variação do INCT-F foi de 9,43% – dada a alta dos insumos citados.
Para os casos onde não houve nenhuma recomposição em 2020, por conta da pandemia, a defasagem representada pelo INCT-F acumulado em 24 meses é de 16,15%.
É recomendável que o transportador e seus contratantes negociem o repasse da inflação do período e das defasagens anteriores, a fim de manter o equilíbrio de seus contratos e a manutenção da qualidade e a garantia dos serviços de transporte de forma sustentável.
São Paulo, 20 de janeiro de 2022
Coordenação Câmara Técnica de Carga Fracionada – CTF
NTC&Logística