A produção industrial registou queda, na passagem de março para abril, em 13 das 15 regiões pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), conforme dados divulgados nesta terça-feira (9).

Em 8 locais, a queda foi a mais intensa desde o início da série histórica da pesquisa, em 2002, assim como no índice nacional de abril, refletindo os efeitos do isolamento social e da pandemia de Covid-19 em várias unidades produtivas do país.

Apenas Pará (4,9%) e Goiás (2,3%) registraram alta no mês, favorecidos pelos resultados do setor extrativo no primeiro, e pelo setor de alimentos e produtos farmacêuticos no segundo.

Na média geral do país, a produção industrial teve um tombo recorde de 18,8% em abril e atingiu o nível mais baixo já registrado na série histórica da pesquisa, conforme divulgou na semana passada o IBGE.

Produção industrial

Veja o resultado em cada um dos locais:

Amazonas: -46,5%

Pará: 4,9%

Região Nordeste: -29%

Ceará: -33,9%

Pernambuco: -11,7%

Bahia: -24,7%

Minas Gerais: -15,9%

Espírito Santo: -16,7%

Rio de Janeiro: -13,9%

São Paulo: -23,2%

Paraná: -28,7%

Santa Catarina: -14,1%

Rio Grande do Sul: -21%

Mato Grosso: -4,3%

Goiás: 2,3%

Média Brasil: -18,8%

Na comparação com abril do ano passado, também houve queda em 13 dos 15 locais pesquisados. Nessa base de comparação, nove regiões atingiram seu resultado negativo mais intenso desde o início da série histórica: Amazonas (-53,9%), Ceará (-53,0%), Rio Grande do Sul (-35,8%), Região Nordeste (-33,1%), São Paulo (-31,7%), Santa Catarina (-30,8%), Paraná (-30,6%), Pernambuco (-29,1%) e Bahia (-26,5%).

Já no acumulado em 12 meses, a queda na produção alcançou 13 dos 15 locais pesquisados, com destaque para Espírito Santo (-15,9%), Amazonas (-14,2%) e Ceará (-14,1%). Rio de Janeiro (6,1%) e Pará (5,8%) foram os únicos locais que ainda permanecem no azul nesse indicador.

Veículos e máquinas puxam queda de 23,2% em SP

São Paulo, maior parque industrial do país, foi o local com maior influência no resultado geral da indústria em abril, na comparação com março.

“São Paulo concentra aproximadamente 34% da indústria nacional e atinge nessa passagem (de março para abril) a taxa mais intensa de sua série histórica. Os setores que mais influenciaram essa queda foram o de veículos automotores e o de máquina e equipamentos”, destacou o analista da pesquisa, Bernardo Almeida.

Por outro lado, houve aumento de produção nos setores de alimentos, farmacêutico e perfumaria, sabão e produtos de limpeza. “São setores considerados essenciais nessa pandemia e que foram na contramão da indústria como um todo”, explicou o pesquisador.

Com o tombo de 23,2% no mês, a produção industrial paulistana passou a acumular perda de 27,9% em 3 meses, ficando 43,2% abaixo do nível máximo, alcançado em março de 2011, atingindo também o pior patamar da série histórica.

Paraná e Rio de Janeiro

A segunda maior influência no resultado nacional foi o Paraná, com queda de 28,7%, acumulando perda de 32,3% em dois meses. Assim como São Paulo, os setores de veículos automotores e de máquinas e equipamentos foram os que mais contribuíram para o maior recuo da série histórica no estado.

Já o Rio de Janeiro, terceiro maior impacto no índice geral, registrou tombo de 13,9%, influenciado pelas quedas nos setores de veículos automotores e de derivados do petróleo.

Tombo de 46,5% no Amazonas

Já o tombo de 46,5% em abril no Amazonas foi pressionado, segundo o IBGE, pela produção de outros equipamentos de transporte.

“Quando a gente fala isso para o Amazonas, a gente pode inferir que é uma queda na produção de motocicletas, que é o principal produto nesse setor. Outro setor que também é muito influente dentro da indústria amazonense é o de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos”, explicou Bernardo.

Em 3 meses, a produção na região passou a acumular queda de 53,2%.

Perspectivas

Nesta semana, os economistas do mercado financeiro reduziram novamente a previsão para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2020, conforme boletim “Focus” do Banco Central. A projeção passou de uma queda de 6,25% para um tombo de 6,48%.

O cenário para a indústria por sua vez sofreu forte piora, com uma queda estimada agora da produção de 5,35% em 2020, ante contração de 3,59% prevista antes.

Fonte: G1