O enfraquecimento da indústria nacional na exportação de produtos de alto valor pode ser visto dos céus. A via pela qual o Brasil exporta e importa os produtos mais caros vem perdendo participação no comércio exterior. A fatia do setor aéreo nos envios e compras de bens de outros países caiu nos últimos anos.
É um reflexo do aumento nas exportações de produtos básicos, como os agrícolas, que são exportados principalmente por via marítima, mas também do recuo na venda de bens industriais.
Estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra que o porcentual transportado por aviões passou de 18,7% em 2000 para 11,1% em 2018. Nos Estados Unidos, essa fatia é de 27,5%. Na União Europeia, salta para 33 1%.
O encolhimento é uma má notícia para o país. O valor médio de cada quilo exportado pelo modal aéreo é de US$ 9,4, enquanto no marítimo essa cifra cai para US$ 0,3 e, no rodoviário, US$ 2,2. “Essa é uma agenda que tem uma dimensão muito importante para a indústria, justamente porque é o modal que transporta produtos de maior valor agregado”, explica a gerente de política comercial da CNI, Constanza Negri.
O avanço do coronavírus é um novo fator que, segundo os especialistas, pode agravar essa situação. A doença, que já ameaça o transporte aéreo de passageiros, pode levar à redução no comércio mundial e prejudicar os embarques de produtos de maior valor agregado.
Para Negri, a redução de barreiras, a melhoria da infraestrutura e a ampliação de acordos internacionais poderiam ajudar a aumentar o comércio pela via aérea e reverter esse quadro. “A CNI está monitorando quais serão os impactos (do coronavírus), mas essa agenda de melhorias no comércio exterior por via aérea é estrutural e independe desse tipo de fatores”, afirmou.
Fonte: Exame