A produção nacional de veículos retrocedeu 13 anos em 2016. Com a fabricação de 2,15 milhões de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus no ano passado, o mercado volta ao nível de 2004, quando 2,12 milhões de unidades saíram das montadoras. Isso é o que aponta a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
Em 2016, houve queda de 11,2% na montagem de veículos frente a 2015, com 2,42 milhões de unidades – foi o terceiro ano consecutivo de retração. A última vez em que se registrou crescimento foi em 2013, quando a produção bateu recorde, com 3,71 milhões de unidades, alta de 9,9% ante 2012.
A perspectiva da Anfavea era fechar o ano com 5,5% de recuo – em janeiro, a expectativa era crescer 0,5%. Para que a projeção fosse atingida, no entanto, teriam de ser produzidos 2,29 milhões de veículos.
A diminuição da produção foi reflexo do tombo nas vendas de veículos, que encerraram o ano passado 20,19% menores, com 2,05 milhões de unidades, e atingiram o pior desempenho em 11 anos. “A confiança em baixa, em razão da instabilidade política vivida pelo País, foi um dos motivos que contribuíram ao baixo desempenho, já que investidores e consumidores adiaram suas decisões. Outro ponto foi o acesso ao crédito, resultado da conjuntura socioeconômica, que tornou as instituições financeiras muito seletivas na hora da concessão. A consequência disso foi que a participação de vendas financiadas, no total do licenciamento, atingiu os patamares mais baixos da série histórica”, disse Antonio Megale, presidente da Anfavea.
Neste cenário, o estoque de veículos diminuiu. No último mês de 2016, fábricas e concessionárias somavam 176,2 mil unidades, que levariam 26 dias para serem comercializadas. Um ano antes, havia 271 mil, e eram necessários 36 dias.
Em dezembro, em razão das datas comemorativas e férias coletivas, a produção recuou 7,12% ante novembro, com 200,8 mil unidades. Já em comparação a 2015, houve alta de 40,6%.
Com o mercado interno sem reações, as empresas do setor se voltaram ao Exterior. As vendas de veículos para fora do País cresceram 24,7% em relação a 2015, e totalizaram 520,3 mil unidades – maior volume desde 2013. Em dezembro, o setor registrou a maior marca de exportações da história da Anfavea, com 62,9 mil unidades, segundo Megale. “Aumentamos as vendas para Colômbia e Chile. Ainda são níveis baixos, mas há tendência de crescimento, além de aumento de exportações para o México.”
Apesar de serem parceiros do Brasil, a relação com os mexicanos pode mudar com a posse de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos. Durante a campanha, o republicano acusou a Ford de transferir postos de trabalho e investimentos ao México e ameaçou taxar carros fabricados no país em 35%. “Há grande preocupação sobre como será essa relação. Pode haver mudanças no ritmo de produção que nos impactariam”, disse o presidente da Anfavea.
Para o professor de Economia da Universidade Metodista Sandro Maskio, o Brasil não será afetado com a medida. “Isso só vai acontecer se Trump impuser essa taxa em mais países como o nosso, por exemplo”. Em relação à alta das vendas em um ano em que o dólar se desvalorizou no País, ao passar de R$ 4 para R$ 3,20, Maskio explica que “os contratos de câmbio que garantem a cotação dão segurança a quem exporta”.
Quanto ao emprego, as montadoras eliminaram 10.650 postos em 2016, sendo que um terço deles, cerca de 3.600, foi perdido na região, a partir de grandes PDVs (Programas de Demissão Voluntária), como os da Mercedes-Benz e Volkswagen. Hoje, 104,4 mil pessoas atuam no setor, menor nível desde 2007.
Fonte: Diário do Grande ABC – 6/1/2017
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